Em seu blog PostSurf, em março, Lewis Samuels queimou a mão que assina o cheque (uma delas, ao menos) e foi demitido pela Surfline.
Na falta de substituto à altura, a Surfline formou uma equipe com editor e três colaboradores para manter um Power Rankings diferente. O resultado não é desprezível.
E Lewis continuou com o seu Power Rankings no PostSurf, com a mesma linha de pancadas irônicas, muitas abaixo da cintura - certamente mais pancadas e mais abaixo da cintura, sem o freio do editor. A ironia é uma arma perigosa mas ele tem seus méritos, como escreveu Júlio Adler, Samuels não é Derek Hynd nem Nick Carroll, mas é o melhor que há no momento.
Uma das últimas polêmicas do Dom Quixote do surfe foi seu protesto contra a censura que a Surfline faz ostensivamente nos comentários do seu site.
De volta ao Power Rankings de Lewis, algumas observações dele traduzem opiniões registradas também em outros lugares, inclusive neste blog. Selecionei e traduzi livremente oito delas, mesmo sem concordar com todas:
"Frequentemente me sugerem que o Power Rankings não é bom para os pros por pelo menos uma razão: eu digo o óbvio (...) que costumava não ser dito até eu chegar"
"Meu antigo empregador ficava feliz em me deixar atirar brasileiros e europeus embaixo do ônibus. Mas na vez dos havaianos, mesmo os haoles, eu era agressivamente editado"
"Os juízes têm dado notas como essa [6.60] ao Parko por deslizar para fora do jet ski deitado de barriga na prancha"
"Para o Tiago Pires vencer baterias contra campeões mundiais, ele tem que fazer mais do que chegar perto. Ele tem que dizimar [o adversário]"
"O surfe precisa de seus messias norte-americanos (American Jesus figures), mesmo que manufaturados pela mídia"
"Boal demonstrou o típico desespero europeu que costumava ser arma secreta exclusiva dos brasileiros - um esforço que vem da compreensão de que cada bateria do WCT representa a melhor chance que já tiveram de romper a redoma à prova de balas que protege a xenofobia do surfe ocidental"
"Se os competidores brasileiros pudessem entrar na água em grupos de, digamos, oito, como fazem no free surf ao redor do mundo, um Brazo certamente seria campeão mundial"
"Se você dirige devagar e ziguezagueando na pista, todos sabem que você está bêbado. Mas se você estiver rápido, vão reparar na velocidade, antes da falta de direção. Foi o caso de Drew Courtney (...) que venceu baterias mesmo atirando pizzas. Os juízes acreditaram na velocidade e lhe deram 16.07 por seu tributo aos floaters de Mark Sainsbury em Winkipop contra Adriano de Souza"
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