Mormaii Surf
4ª etapa do Circuito Brasileiro (Abrasp)
Local: Silveira, Garopaba (SC)
Data: 7 a 14 de agosto de 1988
Resultado
1º. Paulo Matos (SP)
2º. Rodrigo Resende (RJ)
3º. Adalvo Argolo (BA)
3º. Cauli Rodrigues (RJ)
5º. Felipe Dantas (RN)
5º. Otaviano Bueno (SP)
5º. Renato Phebo (RJ)
5º. César Baltazar (RJ)
Eliminados nas oitavas: Dadá Figueiredo, Picuruta Salazar, David Husadel, Sérgio Noronha, Fernando Correa, Rosaldo Cavalcante, André Soares, Carlos Burle
Pré-classificados do round 4 da triagem: Fernando Bittencourt, Adriano Vasconcelos, Edu Buran, Ismael Miranda, Jânio Argolo, João Maurício, Marcelo Boscoli, Hélio Bitencourt, Adalvo Argolo, Gui Matos, Miguel Kury, Gugu do Cabo Frio, Magnus Dias, Taiu Bueno, Cesar Baltazar, Renato Phebo
Ranking Abrasp após 4ª etapa
1º. Jojó de Olivença (BA) - 2.630 pts
2º. Paulo Matos (SP) - 2.620
3º. Ricardo Toledo (SP) - 2.490
4º. Dadá Figueiredo (RJ) - 2.300
4º. Picuruta Salazar (SP) - 2.300
Informações complementares: A competição começou no Ferrugem, com a triagem da categoria amadora e ondas de um metro; foi adiada no dia 9 devido ao forte vento sul e transferida para a Silveira, onde teve ondas um pouco mexidas de 10 a 12 pés, baixando para 6 a 8 pés no domingo decisivo.
Segundo o jornal o Estado, o evento foi "considerado pelos próprios surfistas o melhor do circuito (...) mar grande e ondas de quase 3,5 metros (...) revelou para o público os surfistas big riders (...) houve quem comparasse com as ondas do Hawaii".
A categoria amadora teve 24 inscritos e a profissional cerca de 120. Entre os amadores, os destaques eram Felipe Silveira, Rogério Alemão, Douglas Lima, Chelo e Sidnei Santos.
Houve quatro rounds de triagem na categoria profissional, que estreou na quarta-feira, em ondas "imperfeitas" de 10 pés. Nesse dia foram realizadas 22 baterias de 25 minutos, com quatro competidores cada. Apenas as três melhores ondas eram computadas (o normal era quatro) devido às condições difíceis do mar. O texto destaca: Zecão (que fez média 9), Carlos Gianotti (fez a maior nota do dia por uma onda de 10 pés, recebeu 10 de três juízes) e Marcos Brasa (pegou "a maior onda do campeonato (...) aproximadamente 3,5 metros"); também avançaram Fábio Carvalho, Carlos Gama e Luís Neguinho.
"Até a quinta bateria o mar possibilitava a entrada dos surfistas pelas pedras (...) contudo, com o forte vento sul, as ondas mexidas e a correnteza, a maioria não conseguiu chegar mais ao fundo, tendo que se contentar em surfar nas espumas".
Um leão marinho apareceu nas pedras do Silveira e foi recolhido por biólogos da Fatma.
Os surfistas que disputaram os rounds 2 e 3 da triagem, na quinta, "foram considerados verdadeiros heróis (...) o mar estava de ressaca, com ondas de 8 a 10 pés, vento sudeste fraco, mas séries ininterruptas". "O mar estava cavernoso" comentou Douglas Lima, que "não foi feliz ao se jogar das pedras (...) acabou sendo arrastado contra o paredão de pedras (...) com alguns arranhões pelo corpo e a prancha quebrada, acredita que teve sorte em sair inteiro".
Ricardo Bocão perdeu a prancha dentro d'água (...) a força da onda arrebentou seu leash". A melhor nota do dia foi de David Ribeiro (9.7) e a melhor média de Kias (6.87).
Dois catarinenses chegaram ao round 4 da triagem (adiado para sexta a pedido dos competidores): Carlos Gama e Luciano Oliveira. Dois amadores também chegaram a essa fase: Douglas Lima e Leco Moraes. Eles enfrentariam os pré-classificados, do 31º ao 46º do ranking do ano anterior.
O evento principal - com baterias homem-a-homem, e 16 trialistas enfrentando os back 14 mais dois convidados - começou na sexta-feira. Os wildcards foram Flávio Padaratz, que perdeu para Fernando Bittencourt (que também também o eliminou no Op Pro no Rio de Janeiro) e Ivan Junkes, derrotado por Taiu (que fez a maior nota do dia, 9.5).
Segundo o jornal, "a melhor bateria do dia foi entre Almir Salazar e Kias de Souza (...) Kias venceu e vem sendo considerado destaque da competição"; então com 21 anos, ele competia desde as triagens.
Matéria menor relata que "alguns surfistas tiveram problemas para se adaptar ao tamanho das ondas e à ressaca, que as trazia contra as pedras violentamente (...) O vento nordeste era muito forte (...) dificultando e muitas vezes até impossibilitando a entrada na água. (...) Na primeira bateria entre Jojó de Olivença, líder do circuito, e Leco Moraes, revelação amadora, aconteceu um ato inédito (...) nenhum dos surfistas conseguiu pegar onda. Jojó sequer entrou na água durante os 25 minutos de bateria. Leco pulou e chegou atrás da arrebentação, mas não teve oportunidade de surfar nenhuma onda. Depois de muita discussão ficou resolvido que ambos disputariam a bateria no final das demais".
Matéria no dia 12 traz matéria sobre Jojó, então com 21 anos, atleta de Cristo, em que comenta que o mar estava "perigoso (...) tem que ter paciência e esperar o momento exato de pular das pedras, mas é certo que duas ou três ondas a gente toma na cabeça".
Na bateria decisiva, Resende saiu em vantagem, mas Paulo Matos virou em sua última onda, na qual deu duas batidas de backside e recebeu uma nota 9. A média final de Paulo foi 6.95, contra 5.75 de Resende. O campeão usou no domingo uma prancha menor do que nos dias anteriores e comentou que "para pegar ondas grandes é preciso um pouco de sorte". Paulo, então com 24 anos, recebeu Cz$ 600 mil e uma passagem para a Nova Zelândia, oferecida pela Olimpikus. Ele dedicou a vitória a seu pai (o domingo foi dia dos pais) e aos irmãos Neno e Amaro.
A disputa de longboard foi realizada após a final: uma bateria de 25 minutos com seis surfistas, contando as três melhores ondas; Carlos Mudinho venceu, seguido de Paulo Tendas e Rico de Souza. Mudinho recebeu um troféu e uma passagem para Salvador. Apesar do problema auditivo e de dicção, ele "fez um discurso no palanque (...) disse que amava a todos e agradeceu a Deus pela vitória".
O evento foi patrocinado pela empresa de neoprene Mormaii, criada em Garopaba por Marco Aurélio Raimundo, o Morongo, que declarou ter investido cerca de Cz$ 6 milhões na competição.
O melhor catarinense foi David Husadel, que passou por Marcus Brasa no round 2 e perdeu para Taiu nas oitavas.
A abertura e o encerramento foram no Iate Clube Imbituba.
Matéria publicada no sábado conta a história de João Toledo, pai do vice-líder do ranking brasileiro, Ricardinho de Ubatuba.
Segundo a Fluir, "foi o evento mais emocionante da história do surfe brasileiro (...) alguns surfistas recusaram-se a entrar na água, outros ficaram surfando no inside (...) ninguém questionou, o risco de vida era real".
Cobertura
TripFontes: matérias no jornal O Estado com textos de Cláudia Sanz e fotos de Marco Cezar e Bido Muniz; matéria na revista Trip (julho/1988), com texto de Fernando Costa Netto e fotos de Dennis Magalhães.
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