Como mencionado aqui, Flávio Padaratz compartilha com Fábio Gouveia o mérito de ter aberto as portas do circuito mundial para os surfe brasileiro. A dupla começou a competir integralmente no tour em 1989 - história já bem conhecida e relatada inclusive neste blog, que publicou retrospectos de Fábio Gouveia e Neco Padaratz na ASP. Segue agora o de Flávio Teco Padaratz.
Teco foi o primeiro brasileiro a derrotar Kelly Slater em uma final de WCT - durante 16 anos o único a fazê-lo, até Jadon André igualar o feito em Imbituba, em 2010.
Ao todo, Teco disputou cinco decisões na primeira divisão do surfe mundial e venceu duas; além dessas, fez outras oito semifinais, o que faz dele recordista brasileiro nesse quesito, com 13 no total.
As duas vitórias no tour mundial/WCT
1991 - Alternativa Pro, Barra da Tijuca
1994 - Rip Curl Pro Landes, Hossegor
Os três vice-campeonatos:
1989 - Gunston 500, África do Sul (perdeu para Brad Gerlach)
1990 - Alternativa Pro, Barra da Tijuca (perdeu para Brad Gerlach)
2000 - Rip Curl Bells Beach, Austrália (perdeu para Sunny Garcia)
Após a criação do WCT, Teco esteve nove vezes na elite - é o sexto brasileiro com maior número de temporadas. Foi três vezes top 16 - em duas delas ficou entre os dez primeiros. Pelas contas do blog, competiu ao todo em 165 eventos da primeira divisão do surfe mundial entre 1988 e 2003.
Classificação no tour ano-a-ano:
Pré-WCT
1988 - 65º | disputou 9 das 24 etapas
1989 - 43º | disputou 23 das 25 etapas
1990 - 28º | disputou 20 das 21 etapas
1991 - 17º | disputou todas as 17 etapas
WCT
1992 - 15º | disputou todas as 11 etapas
1993 - 18º | disputou todas as 10 etapas
1994 - 8º | disputou todas as 10 etapas
1995 - 17º | disputou todas as 10 etapas
1996 - 36º | disputou todas as 14 etapas
2000 - 10º | disputou todas as 13 etapas
2001 - 18º | disputou todas as 5 etapas
2002 - 27º | disputou 10 das 12 etapas
2003 - 31º | disputou 11 das 12 etapas
No World Qualifying Series, circuito em que foi bicampeão em 1992 e 1999, conquistou 3 vitórias entre 1992 e 2002, duas delas no exterior.
1992 - Brazil Surf Open, Torres (RS)
1996 - OP Pukas Pro, Espanha
2002 - Orange Lacanau/Gotcha Pro, França
No cenário nacional, venceu a etapa decisiva no primeiro ano do SuperSurf, em 2000 - na Vila de Imbituba, derrotou Fábio Gouveia na final.
Um breve retrospecto cronológico:
1988
No ano em que se profissionalizaram, Teco e Gouveia chegaram ao round 2 em duas das três etapas no Brasil - no Sundek Classic e no Hang Loose; também competiram em algumas etapas no exterior, como na Austrália, onde Padaratz novamente varou as triagens em Bondi Beach e Newcastle.
1989
Em seu primeiro ano integral no circuito, Teco chegou a decisão do Gunston 500 - perdeu para Brad Gerlach. Foi a primeira final de um brasileiro na ASP (as anteriores foram pela IPS). Também foi às oitavas no Margaret River Masters.
1990
Na semana anterior a conquista de Gouveia no Guarujá, Teco disputou sua segunda final no tour - no Alternativa, na Barra da Tijuca, foi novamente derrotado por Gerlach. Também alcançou duas semifinais seguidas - em Huntington Beach e em Lacanau - e repetiu as oitavas em Margaret River, na Austrália. Terminou o ano entre os back 14, ou seja, a partir do ano seguinte não precisaria mais disputar as triagens.
1991
Teco (como Gouveia) fez as oitavas nas duas primeiras etapas, em Manly e Bells; depois foi às quartas nas Ilhas Reunião e em Durban. No Brasil, chegou novamente à final do Alternativa, na Barra da Tijuca, quando enfim debutou no alto do pódio. No Hawaii, alcançou as quartas em Haleiwa. Ficou de fora dos top 16 por uma posição, mas com vaga garantida para o primeiro WCT da história.
Em 1991 Teco também venceu a etapa de abertura do Circuito Brasileiro da Abrasp.
1992
No ano de estréia do WCT, Teco chegou pela primeira vez aos top 16. Fez a semi em Hossegor, as quartas em Narrabeen e as oitavas em Lacanau e no Marui. Também conquistou o primeiro título do WQS em disputa - o primeiro título mundial profissional de um brasileiro.
1993
Com resultados semelhantes aos do ano anterior - semi em Bells, quartas no Marui, oitavas em Narrabeen, Miyazaki e Pipemasters - não repetiu a colocação entre os top 16 por apenas duas vagas.
1994
No ano em que conquistou sua segunda vitória no tour (a primeira no WCT), em Hossegor, Teco alcançou sua melhor colocação no WCT - 8º, pela primeira vez entre os top 10. Além da vitória (em que bateu Kelly Slater na final), chegou à semi nas Ilhas Reunião e às oitavas em Biarritz, no Pipemasters e em Narrabeen.
1995
Novamente ficou de fora dos top 16 por uma posição - seu melhor resultado foi as quartas-de-final em Hossegor; e chegou às oitavas em cinco etapas: Bells, Marui, G-Land, Huntington e Barra da Tijuca.
1996
Apesar da semifinal em Kirra e de chegar às oitavas três vezes (Saint Leu, Huntington e Pipeline), perdeu a vaga após cinco anos consecutivos na elite. Conquistou seu segundo evento no WQS (o primeiro no exterior, na Espanha), mas terminou o Qualifying em 25º.
1997 e 1998
Em 1997, participou como wildcard da etapa brasileira do WCT, na Barra da Tijuca, mas perdeu no round 2. Foram dois anos em que sequer chegou aos top 30 do WQS.
1999
Como Gouveia no ano anterior, Teco voltou com tudo às competições. Retornou à elite após conquistar o bicampeonato no WQS, feito inédito até então. Na etapa brasileira do WCT, na Barra da Tijuca, ganhou vaga de wildcard e foi às quartas-de-final.
2000
Reestreou no WCT chegando aos top 10 com uma de suas melhores campanhas: vice em Bells, foi à semi em J-Bay, às quartas em Mundaka e Portugal, e às oitavas em Teahupoo, Fiji e Rio de Janeiro.
2001
Na temporada de cinco etapas (devido ao 11 de setembro), Teco começou bem - oitavas em Bells e semi em Teahupoo - e ficou de fora dos top 16 por duas posições. No WQS, ficou em quinto.
2002
Contraiu malária no Tahiti, o que o tirou também das etapas de Tavarua e J-Bay. Quatro resultados mais expressivos - quartas em Mundaka e Pipeline, oitavas em Bells e Sunset - o mantiveram na elite ocupando a última vaga disponível pelo ranking WCT. Alcançou sua terceira vitória no WQS, novamente no exterior, desta vez na França.
2003
Em seu ano de despedida da elite, Teco só passou do round 2 no segundo semestre: foi às quartas em Mundaka e às oitavas em Sunset.
Diferente de Gouveia, Flávio Padaratz não estendeu a carreira no SuperSurf após aposentar-se da ASP. Adquiriu a licença da etapa brasileira do WCT e tornou-se promotor do evento, entre outras atividades em terra firme.
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