segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Vitória do esporte
Se ele pode...
Claro que não foi a mesma alegria de uma vitória de Mineiro, Jadson ou Heitor - os três brasileiros no Pipemasters 2010 - mas para mim a conquista de Jeremy Flores em Pipeline foi quase tão boa quanto. E não exatamente pelos laços alardeados por aí do francês com o Brasil. Não pude assistir ao desfecho, mas antes de desligar a transmissão - que nos eventos no Hawaii estão cada ano melhores - olhei as quartas-de-final e torci exatamente por essa final improvável. A contramão da maioria.
Como escreveu Marcus Sanders na Surfline, "todos na praia e na internet e até seus cachorros mentalizavam uma final entre Dane e Kelly. Um final de conto de fadas para um ano de conto de fadas". Creio que o script predileto das massas também poderia alternativamente incluir Jordy ou Owen Wright.
Em vez deles, Flores e Perrow, dos oito finalistas os menos cercados de expectativas e investimentos. "Se alguém brincasse com a mera possibilidade duma final como essa eu diria que é uma piada de mau gosto", escreveu Júlio Adler na Hardcore.
Então por que a satisfação?
Slater não perdia uma bateria no WT desde a final com Fanning em Hossegor, em outubro. E sua derrota anterior foi aquela para Andy Irons em Teahupoo, no começo de setembro. Não é de hoje que poucos - pouquíssimos - conseguem intrometer-se entre os de sempre na galeria dos vencedores, como fez Jadson em Imbituba. Os principais troféus da ASP raramente escapam de um seleto círculo de eleitos. O próprio Júlio não contou ter parabenizado um juiz em Sunset pela coragem em dar a vitória a Raoni Monteiro?
Sem querer alimentar ou desmentir velhas teorias conspiratórias, conquistas inesperadas como a de Flores afogam - ao menos por um evento - aquelas suspeitas de parcialidade no julgamento, ou de subjetividade manipulável, talvez um dos maiores entraves do surfe competição como fonte de entretenimento.
Muitos acham que o WT sem Slater carece de emoção. Já eu acho que para quem gosta, competições são naturalmente emocionantes, indiferente do apelo mercadológico dos competidores - algo também muito subjetivo. Flores e Perrow que o digam. Para alguns a decisão entre eles foi uma decepção, um anticlímax; sem resistir ao tom dramático, digo que foi uma vitória do esporte.
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