Tentaram mas não conseguiram acabar com duplicidade de rankings no surfe mundial, e hoje persistem duas listagens: uma para sonhar olhando para cima, outra para fazer contas olhando para baixo.
O ranking WT interessa exclusivamente a quem pensa em título mundial. Quantos tem chances concretas de alcançá-lo? Um número incerto e flutuante de surfistas, aqueles que - como citado aqui - vencem regularmente após o round de doze. Talvez uma dúzia.
Já o Men’s World Ranking, o ranking semanal, não interfere diretamente na corrida pelo título, mas determina as vagas nos Primes e Stars – e os novos top 34 nas ocasiões de renovação da elite. Suas flutuações são complexas de acompanhar e prever, porque cada surfista soma seus oito melhores resultados dos últimos doze meses – como no tênis, é atualizado semanalmente.
A obrigação de defender a pontuação das 52 semanas anteriores torna a disputa nesse ranking dinâmica e bem mais interessante de acompanhar do que o modelo anterior do Qualifying, por temporada. Mas é puxada para quem participa.
Slater, por exemplo, protagonista do tour rebelde que impulsionou as mudanças de 2010, tem quatro finais de WT a defender em três meses (setembro a novembro): 38 mil pontos a igualar, ou descer a ladeira. Não é a toa que diversos surfistas na faixa dos top 10 têm freqüentado os Primes, preocupados com as renovações da elite - que este ano serão em setembro e dezembro.
O calendário de 2011 tem 22 eventos de maior porte: onze WTs e onze Primes. Há também treze eventos 6 estrelas previstos (a pontuação de quem chega ao pódio nesses campeonatos não é desprezível para quem busca os top 34). Em média, quase três eventos por mês, cronograma intenso.
Fazer prognósticos é uma das diversões de quem acompanha competições esportivas. Avaliar chances, estimar probabilidades, como nas projeções que Al Hunt fazia no extinto Situation Room. A ASP precisa mudar apenas um detalhe para que seu ranking semanal se torne mais legível: mostrar a data de validade de cada pontuação, a qual evento corresponde.
Mudança que talvez já esteja a caminho, deve haver um clamor coletivo por tal ferramenta, que não é difícil de fazer - há alguns anos João Carvalho divulgava rankings desse tipo para o circuito brasileiro. Sem ela é bem mais trabalhoso saber, por exemplo, o que precisam os cinco brasileiros para se manter no WT.
No momento, a zona de corte no World Ranking oscila pouco abaixo dos 20 mil pontos. Será curioso observar em quanto estará nos próximos meses. Multiplique 2.400 (a pontuação mínima de um top 12 em um Prime) por oito (o número de resultados que contam no ranking): o total é 19.200, não por coincidência.
É certo dizer que depois da vitória no Rio, Adriano de Souza pode se despreocupar do ranking semanal. Os 10 mil pontos que recebe o campeão de uma etapa de WT são metade da pontuação necessária para se permanecer na elite. Dificilmente se desce dos top 20 com um resultado desse porte entre os oito - Joel Parkinson, em 13º, é no momento o pior colocado no ranking semanal dentre os que somam uma vitória de WT.
Já quem está perto dos 20 mil pontos - como Jadson, Heitor, Aleho e Raoni, e também Medina, Pupo, Willian, todos entre os top 34 - está 'in the bubble', como adoram dizer nos webcasts, na bolha ou no burburinho, dependendo dos resultados dos próximos meses, seus e dos outros.
Passaram-se 3 WTs e 5 Primes este ano; restam mais 3 WTs e 3 Primes até a troca de setembro (incluindo o Prime de Portugal, em andamento). Há também três ou quatro 6 estrelas no período (apenas dois foram realizados até junho). Cerca de dez eventos que definirão os top 34 do segundo semestre.
Após setembro serão mais 5 WTs e 3 Primes antes da renovação de janeiro, mas aí é outro capítulo, que inclui a decisão do título mundial.
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