O número 12, historicamente cercado de significados e simbolismos - meses, horas, apóstolos, profetas, signos, cavaleiros – ganhou relevância especial também para o tour da ASP com o novo formato instituído em 2010. Talvez não seja ainda muito evidente, mas nos novos WTs e Primes do tour, os top 12 são a nova meta.
Nos atuais WTs, os 36 surfistas que começam a competição são reduzidos a doze após três rodadas de disputas, incluindo repescagem. Acontece então o ‘no losers round’, a surpresa do novo formato, uma mudança que torceu muitos narizes. Esse round tem quatro baterias de três atletas, que não eliminam ninguém - e uma segunda repescagem antecede as quartas-de-final.
Parecia na prática só mais uma chance para os tradicionalmente bem julgados, mas talvez não tenhamos percebido a mágica do doze. O 'no losers round' virou a nova referência nos eventos WT, para alguns meta, para outros obrigação.
Os Primes também mudaram, em definição – bonificam não apenas boas ondas, como tradição, poder econômico, interesses geoestratégicos – e também na forma: aumento considerável na premiação (250 mil dólares, quase o mesmo que um WT seis anos atrás); 96 participantes em vez de 128, acirrando a concorrência por vagas; todos estréiam na mesma fase, em igualdade; baterias de 30 minutos; e principalmente, a partir do round de 12 o formato de disputa é idêntico aos WTs.
Nos dois tipos de eventos mais valiosos da ASP (e também em alguns 6 estrelas) surgiu o conceito dos top 12.
Curiosamente, não é preciso vencer muito em nenhum dos dois - WTs e Primes - para chegar entre os doze melhores. Nos Primes, basta avançar em três baterias: duas com quatro competidores e uma no formato homem-a-homem. Nos WTs, ainda menos: apenas duas vitórias, em dois ou três confrontos.
O detalhe é que qualquer bateria é muito difícil.
Para valorizar os top 12 de suas principais competições, a ASP criou um abismo de pontuação no sistema implantado em 2010. Nos Primes, quem perde no round de 24 soma 1.200 pontos, e quem passa garante no mínimo o dobro, 2.400. Nos WTs a diferença é ainda maior: passa de 1.750 para pelo menos 4.000 pontos.
Como referência, para alcançar o mesmo patamar de 2.500 pontos em um 6 estrelas é preciso chegar à final. A mensagem é clara: queremos esses doze.
Um dos resultados é que o round de 24, que antecede o abismo de pontos, tornou-se dos mais interessantes para os espectadores em geral - fora o drama das pretensões pessoais, há maior variedade de surfistas e nacionalidades, com muitos confrontos clássicos e de geração.
A partir do round de 12, é claro, em ambos os tipos de evento cada vitória vale muito mais.
Chegar nessa fase – geralmente o último dia de competição - com regularidade é o único jeito de se firmar na nova elite da ASP. É o que buscam Jadson André, Aleho Muniz, Heitor Alves e Raoni Monteiro no WT e também nos Primes, nestes acompanhados de algumas dezenas de brasileiros - entre eles Willian Cardoso, Miguel Pupo e Gabriel Medina, próximos de também alcançar os top 34, em uma das próximas trocas.
Já Adriano de Souza parece ter retornado em 2011 a outro grupo ainda mais restrito, dos que vencem regularmente após o round dos 12, e portanto sonham concretamente com outro número, o um.
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