Huntington Beach é parada tradicional do tour - recebe etapas desde 1982, algumas históricas - mas não é um lugar de boas ondas se comparada com beachbreaks como a Vila de Imbituba ou Saquarema, por exemplo. O que não impede que a mídia local a divulgue como uma grande arena - a grandeza viria de outros quesitos que não a qualidade das ondas. Além da questão histórica - que inclui confrontos entre Occy e Curren, Slater e Beschen, por exemplo - e do amplo circo de atrações à parte, a etapa deste ano traz um novo atrativo, bem ao estilo norte-americano, para engrandecer o WQS 6 estrelas: um prêmio recorde de US$ 100 mil para o campeão.
Mais que o dobro dos US$ 40 mil pagos a quem vence uma etapa do WCT.
O anúncio me motivou a mencionar aqui algo que tenho pensado desde que começaram a circular os boatos do "novo circuito mundial do Kelly Slater". Sem dúvida há o que melhorar nas competições da ASP, inclusive no retorno financeiro aos atletas. Mas se o WCT pode melhorar, o que dizer do WQS?
Na minha modesta opinião de observador, a ASP deveria centrar esforços em melhorar o circuito qualificatório, atualmente um calvário com dezenas de etapas. As que realmente influenciam a definição dos top 15 (as de 5 e 6 estrelas, cerca de metade do total) costumam ter uma dezena de rounds, mais de uma centena de baterias, e precisam ser concluídas em um semana - período inferior a uma etapa do WCT, com apenas 63 baterias, ou 47 no novo formato.
Se até no Dream Tour são comuns os confrontos vencidos por quem pegou "a única onda boa da única série decente que entrou", no WQS é muito pior, com baterias mais curtas e cronograma apertado. Mesmo os destinos Prime tem disputas em que as boas oportunidades são mais exceção que regra.
Talvez fosse melhor se o Qualifying seguisse os moldes do WCT, inclusive na restrição de inscritos - os menores poderiam ser classificatórios para os maiores, por exemplo. Divagações.
O WQS pode ser interessante, tanto que em Huntington até o Kelly Slater vai participar, seu primeiro Qualifying em beachbreak em muito tempo. Sua bateria provavelmente terá condições de surfe em que (parafraseando o que ele disse na Vila) "qualquer um pode vencer". Mas poderia ser interessante por outros motivos além dos US$ 100 mil da Hurley.
De resto, vou me abster de comentar o desejo manifesto por Slater (em entrevista ao Renan Rocha) de que o tour principal deve ter menos surfistas para que eles (Slater, Parko, Fanning, os concorrentes diretos ao título) se enfrentem com maior frequência. Pelo jeito toda a atenção recebida nos últimos 17 anos não foi suficiente pro Slater (pronto, não me abstive). Mas me parece que o principal nessa idéia, caso realmente exista, é saber como serão definidos (e eventualmente substituídos) os "eleitos". Ou seja, como será o Qualifying do (suposto) novo circuito milionário?
Obs: pena que Neco Padaratz não competirá em Huntington, onde venceu seu primeiro WCT em 1999. Segundo Al Hunt, Neco ainda não está inscrito em nenhum dos WQS restantes deste ano. Sem patrocínio, ele precisará sair do país para completar os sete resultados necessários - no momento soma três. Segundo o site da ASP, Ubatuba saiu do calendário; restam dois 6 estrelas no litoral brasileiro, no Guarujá e no Arpoador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário