"O campeonato foi um desastre, com ondas pequenas e fracas e disputas constantes entre representantes dos diferentes países. Na véspera do dia decisivo, a organização ameaçou cancelar o evento principal devido a falta de ondas grandes. Todos que competiam em Porto Rico sabiam que havaianos e peruanos insistiriam que houvesse eventos separados para ondas grandes e pequenas, como no Peru em 1965. A competição de ondas grandes definiria o título mundial e a de ondas pequenas não valeria nada. Além dessa disputa maluca, havia um sistema de quotas ridículo pelo qual a população de surfistas de um país definia o total de representantes que poderia inscrever. Para completar, havia o debate entre duas escolas diferentes de surfe - a tradicional, convencional, pressionando que a competição fosse adiada até que houvesse ondas grandes, oposta à uma mais jovem, radical, disposta a surfar qualquer coisa por um resultado.
Por uma semana o tamanho do mar ficou uniforme, entre 2 e 3 pés, restringindo a competição ao pico de Domes (...) afinal pudemos disputar a final em um outside reef em Maria's, com boas direitas de 6 a 8 pés. Naturalmente, cada juiz tinha seu ponto de vista subjetivo sobre qual estilo era melhor. Basicamente, as orientações de julgamento da ISF mencionavam que "o vencedor seria o que fizesse as apresentações mais longas na parte mais crítica das maiores ondas". Nesse quesito, a decisão dos juízes foi precisa; Fred Hemmings e Midget pegaram as maiores ondas e as surfaram pela maior distância, terminando em primeiro e segundo. (...)
No avião rumando para o Hawaii, Paul, Wayne, Ted e eu conversamos sem parar sobre o campeonato. Não conseguíamos acreditar que Hemmings era o novo campeão. Com certeza ele podia surfar ondas grandes, tudo o que tinha que fazer era sobreviver, mas suas manobras básicas e estilo duro estavam longe do que considerávamos material de um campeão mundial - todos concordávamos que este deveria representar o ápice do desenvolvimento do surfe. Completamente desiludidos com o resultado, juramos que nunca mais competiríamos em um mundial. A única coisa positiva de Porto Rico foi nossa descoberta da teoria do low-rail e o fato de que havíamos provado nosso ponto de vista mostrando do que nossas pranchinhas era capazes".
Traduzido de Nat's Nat and that's that, a surfing legend, de Nat Young.
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