Estava aguardando um comunicado oficial sobre o assunto do momento - estava prometido para este mês, segundo rumores - para escrever a respeito. Porém, o Júlio Adler lançou o questionamento no blog da Hang Loose e adiantei lá minha opinião, que publico também aqui, em versão ampliada.
Um anúncio desse tipo - de um novo tour mundial, dissidente da ASP - não deveria surgir por rumores sobre os milhões envolvidos, mas pelo comunicado oficial do que me parece mais importante: como se chega nesse circuito? Como serão escolhidos os 16 do(s) primeiro(s) ano(s), quando e como eles serão renovados?
Quando o Slater era um iniciante sonhando em ser o próximo Tom Curren, ele sabia exatamente o caminho a percorrer. Creio que os novos talentos que hoje sonham em ser o próximo Slater tem o direito de saber também. Isso é fundamental para o crescimento do esporte e por isso, na minha opinião, esta é a questão mais importante na definição de um novo circuito - e não quanto cada um dos envolvidos no momento vai levar de dinheiro por campeonato. Claro, penso isso porque não sou um norte-americano ou australiano em destaque no surfe mundial.
Também acho que se o Slater quer fazer algo pelo bem do surfe, fora dágua como faz dentro, deve seguir os passos do Wayne Bartholomew, um dos protagonistas do Bustin Down The Door, campeão mundial de 1978, vice em dois outros anos, presidente da ASP por uma década. Juntar forças, mudar o sistema de dentro pra fora, e não implodí-lo. Rachar o que existe por mais dinheiro e atenção não é digno de um campeão.
Que o tour pode ser bem melhor é consenso e até óbvio, sempre se pode melhorar, principalmente no Qualifying, como já escrevi aqui. Mas o Slater usar o prestígio singular que tem para forçar mudanças de forma unilateral pode ser um erro sem volta, como bem observou no PostSurf o Lewis Samuels (que manda muito bem em suas análises quando não se prende a ironia gratuita).
O circuito que existe hoje é resultado de mais de 40 anos de evolução, desde os primeiros mundiais. Como não houve um comunicado público, oficial, e até a natureza do envolvimento do Slater com o projeto é especulação, esses escritos podem ser perda de tempo. Mas se houver mesmo um projeto de um novo circuito separado da ASP, torço para que não seja puramente elitista, com milhões de dólares para uns poucos agraciados, e milhões de dúvidas para os milhares de surfistas que também vivem das competições profissionais.
Afinal, é desses milhares que devem sair os próximos Slaters (ou Currens, Carrolls, Mark Richards, para quem considera que Slater será um só).
virou post la no blog da Hang Loose
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