quinta-feira, 15 de abril de 2010

Dez campeonatos para ver e rever (no Brasil)

Já listei no Datasurfe dez campeonatos históricos no Brasil e as dez principais arenas do surfe nacional; publico agora uma lista bem mais pessoal: dez campeonatos de surfe no Brasil que gostaria de ver (ou rever). Imaginemos que fosse possível voltar no tempo para assistir a dez eventos. Quais você escolheria? Minha lista segue abaixo. Os critérios são bem subjetivos, como não poderia deixar de ser. Mas esse tipo de lista não é totalmente inútil - nos faz refletir, por exemplo, sobre os aspectos que tornam um campeonato memorável, ou simplesmente bom de ver.

1 - Waimea 5000
Elementar começar a lista com um dos seis primeiros mundiais no Brasil, mas é difícil dizer qual. A princípio, o inaugural (1976), pela estreia e pela vitória de Pepê Lopes. Porém essa edição teve formato diferente, tanto que o resultado lista os dez primeiros, enquanto a partir do ano seguinte foi adotado o sistema de baterias homem-a-homem. Creio que escolheria a segunda edição (1977), que apesar da presença de Shaun Tomson, Dane Kealoha, Michael Ho e cia, terminou com uma final 100% brasileira, em um dia de tubos épicos no Quebra-Mar.

2 - Festival Brasileiro
Também não poderia ficar de fora um dos dez Festivais Brasileiros de Surfe, inclusive pela atmosfera da época, de nascimento do surfe competição no Brasil. Mas como o Datasurfe dispõe de poucos dados a respeito, a escolha fica prejudicada. Assim às cegas escolheria o primeiro em Saquarema (em 1975), pela estreia e por saber que teve ondas de dez pés.

3 - Hang Loose Pro 1986
Indispensável. Pela Joaquina clássica que quebrou nos primeiros dias, pelo retorno do tour ao Brasil, pela campanha surpreendente de um brasileiro (o amador Sérgio Noronha), pela presença de Mark Occhilupo no auge e (porque não?) pela vitória de Dave Macaulay, a primeira de quatro, um recorde.

4 - Sundek Classic 1988
Escolha questionável. Incluí por três motivos: um pouco pela vitória de Damien Hardman, então campeão mundial; mais pela participação marcante dos recém-profissionalizados Fábio Gouveia (campeão mundial amador, deu uma dura em Hardman) e Teco Padaratz (que deu um aperto em Barton Lynch, eventual campeão mundial); e também por ser o único mundial realizado na bela arena de Itamambuca, com boas ondas.

5 - Mormaii Surf 1988
Esse eu assisti, mas faria de novo se pudesse, pelas ondas enormes na praia do Silveira, um cenário belo (e naqueles dias, perigoso) para campeonatos. Vale lembrar que na época não se usavam jetskis para segurança.

6 - Hang Loose Pro 1990
Também indispensável. Pela primeira vitória brasileira na ASP. Rumo ao pódio, Fábio Gouveia só pegou estrangeiros: Jamie Brisick, Glen Winton, Mike Parsons, Matt Branson, Matt Hoy.

7 - Alternativa Pro 1991
Pela primeira vitória de Flávio Padaratz na ASP. Não houve final - Sunny Garcia saiu contundido da semi - mas Teco derrubou alguns grandes nomes da época, como Gary Elkerton, Brad Gerlach e Barton Lynch.

8 - Rio Marathon 1998
Por ser a única vitória caseira no WT Brasil após a criação da elite. E a única vitória no Dream Tour de Peterson Rosa, um batalhador, que derrotou pelo caminho Sunny Garcia, Taj Burrow e Mick Campbell (eventual vice mundial). Eu sei, as três últimas escolhas são coisa de torcedor, mas quem não gosta de torcer e vencer? Também reparei que é o segundo evento da Barra da Tijuca nesta lista (o outro é o Alternativa 1991), mas fazer o que se ela sediou 13 mundiais?

9 - Hang Loose Santa Catarina Pro 2007
Pela conquista de Mick Fanning - das seis vezes que o título mundial foi decidido no Brasil, essa foi a única que o campeão da temporada também venceu o evento. E pelas ondas, talvez as melhores dentre as edições em Imbituba. E também por ser na Vila, um anfiteatro natural para assistir campeonatos.

10 - Última etapa do SuperSurf de 2002
A escolha mais discutível das dez. Pode-se questionar uma etapa do Supersurf na lista, em vez dos mundiais. Mas esta teve ingredientes singulares: altas ondas na Prainha do Rio (um lugar encantador) e a decisão da temporada somente na bateria final, entre Leo Neves e Peterson Rosa.

Outros:
Ficaram de fora alguns eventos e destinos memoráveis. Se fizesse uma revisão da lista, talvez trocasse alguns (os questionáveis)...

...por um Hang Loose Pro em Fernando de Noronha. Possivelmente o de 2001, única edição finalizada no Abras, com tubos de 6 pés. Mas duas na Cacimba também foram especiais: as de 2003 (pela vitória do Neco) e a de 2005 (pelos tubos).

...por outro nacional dos anos 1980, o Cristal Graffiti de 1989, pelas ondas grandes no Pontal do Leblon - uma atração à parte.

...pelo Nescau Surf Energy de 1994, na Joaquina. Assisti esse evento. Teve uma ondulação de 6 pés, relacionadas a um eclipse solar, que lembrou o swell do Hang Loose de 1986. Muitos tubos e, por ser um WQS, uma maratona de baterias com talentos internacionais, na reta final da temporada.

...pelo Nova Schin Festival de 2003, outro WT finalizado de Imbituba. Foi um campeonato singular: teve disputas em picos variados (Caldeira do Diabo, Silveira, Vila); foi o ano do apagão em Florianópolis, que ficou 55 horas sem luz; foi uma das três vitórias de Kelly Slater no Brasil, derrotando Mick Fanning na final; e foi encerrado com belas direitas de 5 pés, que segundo o campeão lembravam Haleiwa.

...pela abertura do SuperSurf 2002 em Maresias. Além do astral da praia, pelos tubos de seis pés e o recorde de notas dez. Foi apenas um evento nacional, mas Maresias nunca recebeu os gringos com um mar tão clássico.

Com 35 WTs e 104 WQS concluídos no Brasil, mais 31 etapas do antigo circuito da Abrasp e os dez Festivais Brasileiros, sem falar em eventos de outros tipos (Festivais Olympikus, Op Pro...), apontar apenas dez não é tarefa simples. Além da subjetividade, do gosto pessoal, entra na conta a falta de conhecimento mais amplo.

Mas pra fechar, que bom será se o próximo WT na Vila tiver elementos que o incluam nesta lista.

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