sexta-feira, 30 de abril de 2010
O espetacular na vitória de Jadson André
A conquista de Jadson - a 16ª brasileira no tour principal - foi histórica por motivos diversos, entre eles:
Por ser no Brasil, o que não acontecia desde Peterson Rosa em 1998.
Por ser de um rookie (estreante no tour), o que não acontecia desde Bob Martinez em 2006.
Pela vitória na final ter sido sobre Slater, o que só havia acontecido uma vez, com Flávio Padaratz em 1994.
E além de histórica foi emocionante por diversos motivos, entre eles:
Por ter evitado mais um vice em casa - seria o segundo seguido. Slater derrotou Adriano no ano passado em condições semelhantes. Victor Ribas também perdeu para Damien Hobgood na Vila em 2005. Mais uma ia doer e virar tabu.
Pela dramaticidade. De suas três baterias no dia final, duas foram decididas nos últimos segundos. Na virada sobre Bourez (quartas) e na vitória sobre Dane Reynolds (semi) o resultado foi definido na última onda. E na decisão o escore também foi apertado, com suspense até a buzina.
Pela idade (Jadson é o mais jovem dos top 45, tem 20 anos) e por sua origem - como o potiguar declarou, "já aconteceram algumas coisas ruins na minha vida, mas isso é maravilhoso".
Pelo emoção e espontaneidade do campeão, que além de tudo é fluente em inglês, diferencial importante hoje em dia: "This is my dream. This is everything I have worked for in my life (...) I don't know how to put into words. It's a miracle".
Por Jadson ter sido não apenas o vencedor mas o principal destaque do evento (o standout, em inglês), mesmo sem deter os recordes. Segundo relato oficial da ASP.
Assisti os dois primeiros dias em Imbituba e os dois finais pelo webcast. Sendo honesto, a competição parecia morna até a reta final. Na praia e pela web transpareciam lamentos pelas condições, a inconstância do mar, as "ondas deitadas", menções a Saquarema. Algumas estrelas perdiam e outras avançavam com notas medianas. Mas o desfecho foi bem diferente. Reynolds comparando a Vila com a Califórnia, Patacchia adiando vôo para ver a decisão, exaltações, agradecimentos e comentários positivos.
Tive a impressão de que um divisor de águas - além do sol e da melhora na formação das ondas - foi a escovada de Jadson em Luke Munro nas oitavas, ainda na quarta-feira, quando fez quatro notas acima de 8. Como escreveu a ASP, "blending full-rail carves with effortless air reverses" (ou "misturando rasgadas com pleno uso da borda com air reverses sem esforço aparente", como o português pode ser complicado).
Jadson fez uma das três notas 9 da competição (é, só teve três) e a segunda maior pontuação, na semi contra Reynolds. Além de outras 13 notas acima de sete, em sete baterias. Se um rookie podia fazer high scores e impressionar juízes e público naquelas ondas, porque não os tops de sempre? "Nessas condições vai ser sempre difícil batê-lo", decretou Slater, conformado com o vice, mas ainda digerindo, e buscando consolo no óbvio: "Ele vai lembrar-se desse dia pelo resto da vida".
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ótimo texto, eu que ainda nem tô acreditando nessa vitória, na real fui dormir pensando e acordei sem acreditar, Grande jadson, orgulho basileiro e nordestino!!
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