Após Gold Coast e Bells, no final do mês é a vez do Brasil receber a elite. A temporada está no começo - por causa da Copa do Mundo, sediamos este ano a 3ª das dez etapas - e para quem busca o topo, ainda haverá plenas oportunidades de reverter tropeços. Para a maioria, porém, a redução em setembro mantém o aspecto decisivo da competição. Afinal, os dois eventos seguintes - J-Bay e Teahupoo - são em ondas que favorecem especialistas.
Toda competição importante gera expectativas; para a torcida local, ela invariavelmente gira em torno de três aspectos: as ondas, os brasileiros e os líderes do ranking. É justo dizer que o WT Brasil deste ano tem ingredientes especiais nos três quesitos.
As ondas
A Vila de Imbituba receberá o tour pelo oitavo ano seguido. Nas edições anteriores tivemos algumas condições muito boas, outras nem tanto. Porém a elite mundial nunca veio ao Brasil tão cedo quanto neste ano: as 35 edições anteriores do WT nacional aconteceram entre junho a outubro, e esta será em abril. Se as ondas são sempre uma incógnita, a mudança na data reforça o suspense.
Os brasileiros
Todo ano a mesma pergunta: será que desta vez alguém iguala Peterson Rosa em 1998? Já faz doze anos desde a única vitória brasileira na etapa caseira do WT (as quatro conquistas anteriores - de Flávio Padaratz, Fábio Gouveia, Daniel Friedman e Pepê Lopes - foram antes da criação do World Tour). Das oito vezes que batemos na trave, duas foram em Imbituba, com Victor Ribas e Adriano de Souza. [Retrospecto nacional no WT Brasil]
Caso não haja vitória, e sabemos bem a dificuldade, a expectativa é quem será o melhor brasileiro. Poucos apostariam em outro que não Adriano de Souza, top 10 nas duas últimas temporadas e vindo de quartas-de-final seguidas na Austrália. Até 2009, Adriano nunca tinha passado do round 3 na Vila; sua final com Slater, após bater Durbidge e Joel Parkinson, reforça suas credenciais para esta edição.
Os outros três brasileiros tem seus motivos para otimismo. Jadson André tem recebido setes e oitos com certa facilidade para um rookie brasileiro, ainda mais considerando as oscilações no julgamento com os "novos critérios". Neco Padaratz competirá em seu 11º WT no Brasil e seu retrospecto caseiro é respeitável: uma semi e três quartas, a mais recente em 2007. E Marco Polo, que também estará em casa, parece render um pouco mais a cada etapa.
Para os dois catarinenses, que somaram menos pontos na Austrália, a manutenção na elite no segundo semestre passa quase certamente por um bom resultado na Vila.
E resta saber quem serão os quatro wildcards. Se não me engano, Tânio Barreto (que já fez uma semifinal em um WT na Vila, em 2004) garantiu vaga com o título catarinense.
Os líderes da corrida
A disputa começou equilibrada e o circo deve vir completo. A julgar pelas edições anteriores, não faltam favoritos. Os medalhões costumam evitar a etapa nacional quando podem, porém a maioria guarda boas lembranças daqui.
Kelly Slater ostenta um retrospecto excelente: disputou 11 dos últimos 18 eventos, nunca perdeu antes das oitavas e foi campeão três vezes (duas na Vila). A mais recente foi uma conquista manhosa, sua única no ano passado: ele nem vinha, deixou-se convencer de última hora e acabou ampliando seus recordes e ganhando fôlego para a temporada. Além disso, Slater comemorou no Brasil dois de seus nove títulos mundiais, um deles na Vila.
O atual líder do ranking Taj Burrow também tem um vínculo forte com o Brasil: três de suas oito conquistas no tour foram aqui, somente a mais recente em Imbituba, em 2004. Porém Taj disputou quatro decisões no país, uma a mais do que Slater.
Interessante que no quesito vitórias no WT Brasil, ambos estão a uma conquista do recordista Dave Macaulay.
Em Imbituba, particularmente, o melhor retrospecto é de Mick Fanning. Ele também já disputou quatro finais no Brasil e três foram na Vila. Venceu duas vezes, a mais recente em 2007, quando comemorou seu primeiro título mundial. E deve vir com fome este ano, pois não passou de vice em casa.
E o pior saldo é o de Joel Parkinson, que nunca chegou a uma final no Brasil - seus melhores resultados foram duas semifinais. Quem sabe agora ele não quebra o tabu.
Depois deles, a lista é extensa. Bede Durbidge conquistou em Imbituba a mais recente de suas três vitórias no tour, no ano em que foi vice-campeão mundial. Os Hobgoods tiveram um início frustrante no WT 2010, mas Damien já fez duas finais aqui (levou uma, polêmica, sobre Victor Ribas). Bob Martinez vem de duas semifinais na Austrália, seu melhor começo de temporada. Assim como Jordy Smith, por enquanto em terceiro no ranking.
Sem falar no retornante Andy Irons, que comemorou aqui o tricampeonato mundial, porém nunca passou das quartas no Brasil. A verdade é que é arriscado descartar alguém. Imbituba parece favorecer o imponderável - vide Tom Whitaker, Kai Otton e Jeremy Flores, três finalistas recentes, que nunca haviam subido tão alto no pódio.
Começa dia 23.
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