segunda-feira, 10 de novembro de 2008
A revolução industrial e cultural do surfe
A famosa foto de Makaha publicada em 1953
A Segunda Grande Guerra mudou o mundo de forma irreversível - e, obviamente, o surfe também. Mudaram o mapa, os equipamentos, os surfistas. Duas descobertas dos anos 50, relacionadas com o esforço da guerra, facilitaram a prática e ajudaram na popularização do esporte nas décadas seguintes.
Primeiro, o wetsuit, ou roupa de neoprene. Jack O'Neill e os irmãos Bob e Bill Meistrell (fundadores da BodyGlove) estão entre os creditados pela inovação. A proteção contra o frio abriu novas possibilidades aos surfistas e deu origem a um nicho industrial tão significativo quanto o de pranchas.
Segundo, as pranchas passaram por uma revolução com o surgimento do poliuretano e da resina, que gradualmente substituíram a matéria-prima da época - redwood, plywood e a balsa, cobiçada madeira da América do Sul. A produção comercial de pranchas, inaugurada na Califórnia no final dos anos 30, ganhou novo impulso a partir da década de 50 com produtos mais baratos, práticos e leves. Como no caso dos wetsuits, as "pranchas de fibra de vidro" tiveram múltiplos criadores, entre eles Gordon Clark, fundador da Clark Foam.
Com pranchas mais leves e roupas contra o frio, o número de surfistas cresceu e muitos fabricantes abriram pontos-de-venda, as primeiras surfshops.
Após a Grande Guerra, o surfe tornou-se conhecido em diversos continentes, mas cresceu especialmente no Hawaii, na Califórnia e na distante Austrália. Na Califórnia, os anos 50 foram de Malibu e Miki Dora, ícone de um novo estilo de vida. Em Malibu criou-se um novo estilo de surfar - o hot dog, com ênfase no nose-ride - resultado direto de inovações de design criadas por Bob Simmons, Joe Quigg, Dale Velzy, Matt Kivlin. As pranchas Malibu e o estilo californiano de surfar logo chegaram à Austrália.
Também em Malibu apareceu, em 1956, Gidget - a adolescente surfista que inspirou livro, filme, série televisiva, ajudando o esporte a alcançar uma popularidade inesperada e, para alguns, como Dora, indesejada. Surgiu o localismo.
A florescente "cultura surf" passou a produzir filmes (como Endless Summer, de Bruce Brown), músicas (como os Beach Boys, de 1963) e, além dos livros, periódicos como a revista Surfer, lançada em 1960. Eventualmente, o estereótipo do surfista nômade em busca de ondas perfeitas veio contrapor o do local que raramente se afastava de sua comunidade.
Com a nova cultura surgiu a demanda por uma identificação maior, dando origem à surfwear. Desta tríade - surfboars, wetsuits, surfwear - nasceram na década seguinte gigantes como Billabong, Quiksilver, Rip Curl, Gotcha.
No mesmo período, o Hawaii passou de berço a meca do surfe. Em 1953, um jornal na Califórnia publicou uma foto de Woody Brown, George Downing e Buzzy Trent dropando uma onda enorme em Makaha. A imagem levou um número crescente de surfistas - como Fred van Dyke e Peter Cole - a intensificar a exploração do north shore de Oahu. Eventualmente foram desbravadas Waimea Bay (Greg Noll e amigos, 1957) e Pipeline (Phil Edwards, 1963).
Uma das principais arenas do surfe na época, Makaha sediou em 1954 um campeonato organizado por Wally Froiseth e vencido por George Downing. Foi um prenúncio das mudanças que viriam na década seguinte, com o intensificação das competições e o surgimento do surfe profissional.
Outros períodos da história do surfe
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Gustavo,
ResponderExcluirParabéns por esse post e também pelo "O nascimento do surfe moderno" e pelo "História resumida do surfe", curti muito a leitura deles.
Falou,
Gustavo
Valeu Gustavo. De vez em quando ainda descubro e corrijo algumas omissões. Mas achei melhor publicar logo do que deixar eternamente nos rascunhos. O mais complexo vem agora, dos anos 70 em diante...
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